As relações entre ignorância e violência

Adolf Hitler

Adolf Hitler

Que relação haveria entre o grande pensador  Sigmund Freud, um dos maiores  intelectuais modernos e um dos homens que mais contribuíram para a Psiquiatria, e Adolf Hitler, o ditador alemão que se tornou o maior culpado pelo holocauto da Segunda Guerra Mundial?

Sigmund Freud

Sigmund Freud

Bem, na década de 1930 a radicalização da propaganda anti-semita pelos nazistas levou à perseguição de Freud, visto que ele era judeu. Em 1936, o governo de Hitler ordenou a queima de qualquer livro que possuísse a assinatura do médico judeu e, finalmente, as forças policiais nazistas invadiram e assaltaram a sua residência, culminando com a sua partida para Londres, Inglaterra, onde faleceu em 1939, bastante idoso e padecendo de um câncer de boca. Esta é a relação entre Freud e Hitler: uma relação de perseguição.

Por que mencionar tais fatos é importante na criação de algum tipo de reflexão para as relações humanas? Ora, esse caso ocorrido entre Hitler e Freud nos serve de ilustração perfeita para a percepção da realidade de que a violência está intrinsecamente interligada com a ignorância. Elas formam uma estrada de mão única.

julgamento de Galileu

julgamento de Galileu

Temos muitos outros casos em que a violência foi gerada pela falta de conhecimentos mais amplos da realidade. Por exemplo, a perseguição de Galileu Galilei pela Igreja Católica Romana, na Idade Média. Ele foi condenado pelo fato de ter afirmado que a Terra gira em torno do Sol, o que contrariava o ensino da Instituição na época. Visto que ele se retratou de seu “erro”, escapou da morte, sendo condenado “somente” a uma prisão domiciliar vitalícia.

É claro que nós devemos verificar e considerar o contexto histórico de tais acontecimentos para fugirmos do senso comum e tornarmos as nossas análises mais científicas. O caso de Hitler, por exemplo, baseava-se numa atitude etnocêntrica, isto é, numa visão antropológica que desconsiderava o fato do relativismo cultural. Nesse caso, a ignorância se deu por não se conhecer ou não admitir a realidade de que os vários povos e as várias culturas são únicas, não havendo interrelações intre elas de superioridade ou de inferioridade.

Já no caso de Galileu, a ignorância que levou à violência se deu unicamente por questões de intromissão da religião, do sectarismo, na vida pública, que deve caber unicamente à ciência. Todos os fatos já comprovaram pela História que a fé não pode ensinar à ciência e a ciência não pode ensinar à fé. E como deve acontecer este “não ensinar”? É simples: por meio do laicismo. Todos os Estados políticos devem ser laicos, visto que são públicos. A religião só deve prover preceitos ou ensinamentos aos seus adeptos. Os preceitos pertencentes ao Estado e à vida pública devem ser regulamentados pelos cidadãos entendidos numa forma mais ampla, ou pelos representantes destes. O grande problema que aqui encontramos é: como fazer tal coisa na prática se os cidadãos da liderança são sectários e os cidadãos dominados são alienados?

Só existe uma solução para a humanidade: a educação para todos. Sim, é a educação que retira o homem do estado de  ignorância e alienação, que provocam a violência,  e o faz se elevar ao estado de amorismo, que advém da conscientização sociológica.

2 Responses to As relações entre ignorância e violência

  1. elvis disse:

    gostei da materia,mais acho q hitler ñ se tornou um alienado,sim um revoltado com humilhações q ele sofria,claro q sua teoria sobre “um mundo perfeito”veio de estudos dele mal enterpletados,mais hitler tambem foi um grante genio,so q ñ usou sua genialidade para a coisa certa…

    • Conde disse:

      Resposta do Blog:

      É claro que Hitler possuía algum conhecimento. Todos os seres humanos possuem conhecimentos, embora isso contradiga o que escreveu Nicolau Maquiavel (acreditava que certas pessoas não aprendem nada), a quem bem Hitler parece ter seguido. Mas, se notarmos bem, as palavras “alienado” ou “alienação”, conforme foram usadas no texto, não significam “sem conhecimento”. Aliás, a palavra “alienação” nunca deveria ser usada dessa forma. O termo “alienado” se refere a alguém que não possui alguns conhecimentos específicos. Por exemplo, alguém pode muito bem ser um mestre em Sociologia mas não saber nem mesmo aplicar uma injeção, o que o torna alienado nessa área. Pois bem , indo por aí temos o seguinte: Adolf Hitler, embora tivesse seus conhecimentos pessoais, não conhecia (ou reconhecia) as teorias funcionalistas, que erradicam, por exemplo, o etnocentrismo. A Igreja Católica, também , embora tivesse formado muitas universidades importantes durante a Idade Média e tenha contribuído de alguma forma para alguns conhecimentos, demonstrou-se alienada aos direitos humanos fundamentais, isto é, a vida e a liberdade.
      Portanto, uma coisa deve ficar clara: a alienação é sempre relativa. Se nós não formos alienados em algum sentido, é bem provável que o sejamos em outro. De modo que é aconselhável procurarmos diminuir o nosso grau de alienação o máximo possível, em várias áreas do conhecimento humano.

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